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Vidros Portugueses & Companhia

Vidros Portugueses & Companhia

Garnizé

Novembro 20, 2023

blogdaruanove

 

 

Pequeno pisa-papéis, com cerca de 9,5 cm. de altura, representando um garnizé, ou galo anão.

 

Esta figura, originalmente com cerca de 21 cm. de altura e denominada Coq Nain, foi concebida em 1928 pelo célebre joalheiro e designer de vidro René Lalique (1860-1945), como complemento para as tampas de radiador dos veículos automóveis.

 

Produzida pela empresa pelo menos até à década de 1950, em diversas cores translúcidas – ametista, azul ultramarino, branco, esta escultura foi entretanto copiada por outras fábricas europeias que a produziram como pisa-papéis de menores dimensões, havendo notícia de um exemplar verde malaquite opaco, com medidas semelhantes às do exemplar aqui apresentado, produzido pela conceituada fábrica checoslovaca Moser.

 

A firma Lalique produziu também pequenas esculturas de dimensões semelhantes, variando entre cerca de 6 e 11,5 cm. de altura, com uma base circular seccionada para permitir a inserção de cartões e o seu uso como identificadores de mesa ou porta-menus, reproduzindo diferentes aves e peixes.

 

Esta peça azul não se encontra assinada, mas provavelmente terá sido fabricada na Marinha Grande, pois conhecem-se outros pisa-papéis semelhantes, representando animais – um bulldog e uma lebre, similar à desenhada também por Lalique, mas com base hexagonal, atribuídos à sua produção.

 

Se bem que com outros motivos, os pisa-papéis representam uma tradição vidreira portuguesa que remontará pelo menos ao século XIX, tradição posteriormente ilustrada por, entre muitas outras peças, um pisa-papéis alusivo à figura da República, executado provavelmente já na década de 1930, e depois documentada, já dentro da gramática Art Déco, por um elefante estilizado alusivo à Exposição Colonial Portuguesa, realizada no Porto, em 1934, e por um outro exemplar, representando uma nau, que terá sido concebido para a Exposição do Mundo Português, realizada em Lisboa no ano de 1940.

 

 

 

© Vidros & Companhia

Jarra

Novembro 14, 2023

blogdaruanove

 

Jarra, com cerca de 9,6 cm. de altura, produzida no Centro Vidreiro do Norte de Portugal, S.A.R.L., Oliveira de Azeméis.

 

De acordo com o Catálogo de Artigos Diversos da empresa, datado de Setembro de 1969, esta peça é classificada como cachepot e insere-se na secção dos artigos de fantasia (género veneziano). Era produzida em dois tamanhos – com 10 e 13 cm. de altura, catalogados sob os números 862/10 e 862/13 e comercializados, na época, a 27$60 e 39$60.

 

A alusão ao género veneziano relaciona-se com o processo decorativo em espiral, que remete para outros efeitos técnicos mais elaborados, aqui apenas visualmente replicados como se fossem um trompe l'oeil no seu aspecto mais simples, relacionados quer com a aplicação de diferentes filigranas coloridas no vidro, quer com a aplicação dos retorcidos e multicoloridos elementos que constituem as complexas técnicas denominadas latticellozanfirico.

 

Embora esta peça surja catalogada como cachepot, apesar de a sua funcionalidade parecer mais adequada à de uma jarra, é óbvio que o seu formato deriva das peças de cerâmica e vidro que, a partir do século XVII, época em que se gerou a tulipomania nos Países Baixos, serviram para acomodar um bolbo na sua parte superior. Em língua inglesa, aliás, as jarras com bocais alargados, que rematam um colo muito mais estreito, denominam-se como bulb vases ou hyacinth vases, dado o seu uso generalizado para acomodar os bolbos de jacintos.

 

Este formato, ele próprio evocativo de um bolbo, apresentou diversas variantes a partir do último quartel do século XIX, quando os motivos e formatos vegetalistas estilizados se tornaram fulcrais para  a estética do movimento Art Nouveau.

 

Durante os séculos XIX e XX, seguindo a tradição pioneira da quatrocentista fábrica do Côvo,  existiram várias fábricas de vidro na região de Oliveira de Azeméis – a fábrica Bustelo, Abreu, Castro & C.ª, entre 1897 e 1930; a fábrica A Boémia, entre 1902 e 1926; a fábrica Castro, Costa & C.ª Lda., conhecida também como fábrica de vidros da Pereira, entre 1916 e 1920; a fábrica Progresso, Lda., mais conhecida no concelho como fábrica de vidros do Cereal, entre 1917 e 1926; a fábrica Nossa Senhora de La-Salette, entre 1921 e 1924; e a fábrica Sociedade Industrial Vidreira de Azeméis, Lda., SIVAL, popularmente conhecida como fábrica de botões de vidro, entre 1942 e 1953.

 

O Centro Vidreiro do Norte de Portugal surgiu em 1926, após a fusão de algumas destas fábricas. Aliás, o catálogo acima referido, na sua página de abertura, menciona sob a mesma administração uma fábrica de ferro – denominada O Vulcano, e duas fábricas de vidro – denominadas A La-Salette e A Boémia. A empresa acabou por encerrar em 1993.

 

 

 

© Vidros & Companhia

Jarra

Novembro 03, 2023

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Jarra em vidro leitoso opaco, habitualmente designado como vidro coalhado, com cerca de 27,8 cm. de altura, produzida pela Companhia Industrial Portuguesa, Marinha Grande.

 

A Companhia Industrial Portuguesa, cuja produção abrangia diversas áreas químicas e tecnológicas, explorava também minas e diversas instalações fabris e assumiu em 1926 a exploração e produção de vidro das fábricas da Companhia da Nacional e Nova Fábrica de Vidros, da Marinha Grande.

 

De acordo com um relatório datado de 31 de Março de 1976, publicado em 2 de Outubro no Diário da República, naquele ano a empresa não tinha tido qualquer actividade. Dois anos depois, a 9 de Junho de 1978, a empresa encontrava-se em liquidação, de acordo com anúncio publicado na edição de 21 de Junho do Diário da República.

 

Peça de grande simplicidade, originalmente constituída por duas partes – um corpo soprado livremente aplicado numa base lapidada, acaba por ter a sua elegância minimalista e monocromática, reminiscente do vidro leitoso romano e do posterior vetro lattimo veneziano que evocava o corpo da porcelana, complementada de forma questionável pela hiperbólica repetição de elementos florais aplicados por decalque, os quais surgem até na base da peça.

 

Curiosamente, embora apenas tenha exigido intervenção decorativa manual para aplicação dos dequalques, esta jarra encontra-se assinada na base com as iniciais A. M., que corresponderão a quem terá efectuado esta simples operação.

 

 

 

© Vidros & Companhia

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