![]()
Jarra, com cerca de 9,6 cm. de altura, produzida no Centro Vidreiro do Norte de Portugal, S.A.R.L., Oliveira de Azeméis.
De acordo com o Catálogo de Artigos Diversos da empresa, datado de Setembro de 1969, esta peça é classificada como cachepot e insere-se na secção dos artigos de fantasia (género veneziano). Era produzida em dois tamanhos – com 10 e 13 cm. de altura, catalogados sob os números 862/10 e 862/13 e comercializados, na época, a 27$60 e 39$60.
A alusão ao género veneziano relaciona-se com o processo decorativo em espiral, que remete para outros efeitos técnicos mais elaborados, aqui apenas visualmente replicados como se fossem um trompe l'oeil no seu aspecto mais simples, relacionados quer com a aplicação de diferentes filigranas coloridas no vidro, quer com a aplicação dos retorcidos e multicoloridos elementos que constituem as complexas técnicas denominadas latticello e zanfirico.
Embora esta peça surja catalogada como cachepot, apesar de a sua funcionalidade parecer mais adequada à de uma jarra, é óbvio que o seu formato deriva das peças de cerâmica e vidro que, a partir do século XVII, época em que se gerou a tulipomania nos Países Baixos, serviram para acomodar um bolbo na sua parte superior. Em língua inglesa, aliás, as jarras com bocais alargados, que rematam um colo muito mais estreito, denominam-se como bulb vases ou hyacinth vases, dado o seu uso generalizado para acomodar os bolbos de jacintos.
Este formato, ele próprio evocativo de um bolbo, apresentou diversas variantes a partir do último quartel do século XIX, quando os motivos e formatos vegetalistas estilizados se tornaram fulcrais para a estética do movimento Art Nouveau.
Durante os séculos XIX e XX, seguindo a tradição pioneira da quatrocentista fábrica do Côvo, existiram várias fábricas de vidro na região de Oliveira de Azeméis – a fábrica Bustelo, Abreu, Castro & C.ª, entre 1897 e 1930; a fábrica A Boémia, entre 1902 e 1926; a fábrica Castro, Costa & C.ª Lda., conhecida também como fábrica de vidros da Pereira, entre 1916 e 1920; a fábrica Progresso, Lda., mais conhecida no concelho como fábrica de vidros do Cereal, entre 1917 e 1926; a fábrica Nossa Senhora de La-Salette, entre 1921 e 1924; e a fábrica Sociedade Industrial Vidreira de Azeméis, Lda., SIVAL, popularmente conhecida como fábrica de botões de vidro, entre 1942 e 1953.
O Centro Vidreiro do Norte de Portugal surgiu em 1926, após a fusão de algumas destas fábricas. Aliás, o catálogo acima referido, na sua página de abertura, menciona sob a mesma administração uma fábrica de ferro – denominada O Vulcano, e duas fábricas de vidro – denominadas A La-Salette e A Boémia. A empresa acabou por encerrar em 1993.
![]()
© Vidros & Companhia